A passagem do arquivo pessoal para os arquivos universais em Rosangela Rennó é certamente um marco de sua trajetória como artista-pensadora de arquivos. Parecia-me também ser o caminho natural de quem se apropria de arquivos, pelo menos nas artes visuais.
O que me deixava curiosa era se no meu caso essa transição ocorreria, até porque eu não demonstrava nenhum interesse em qualquer outro arquivo que não fosse o de fotografias de minha família.
E, na verdade, essa virada nunca aconteceu — ou pelo menos ainda não. O que houve foi a presença cada vez mais matérica de arquivos outros, que surgiam, num primeiro momento apenas como referências, e que diziam respeito invariavelmente a um universo também — e cada vez mais — tecnicizado, aparentemente distante daquele das fotografias de família: o do mass mídia, transmutado em reminiscências das quais a fruição daquele arquivo pessoal e afetivo pouco se separava (novelas, filmes e, principalmente elas: as canções).
Capa do disco em vinil The Grand Fantastic Strings, fabricado pela RCA, em 1973. Disponível em: https://www.discogs.com/release/15325826-The-Grand-Fantastic-Strings-The-Grand-Fantastic-Strings. Acesso em: 30 mai. 2022. |